quarta-feira, 17 de setembro de 2008

“Seo Chico, um retrato” (2005), de José Rafael Mamigonian

Sinopse: O lavrador Francisco Thomaz dos Santos era personagem vivo da história quase extinta dos engenhos de farinha, de cana-de-açúcar e alambiques na Ilha de Santa Catarina, atual Florianópolis, no litoral sul do Brasil.

O filme é um testemunho dos encontros dele com a equipe de filmagem, buscando transparecer ao máximo a intensidade emocional dessa experiência, tragicamente interrompida.

O personagem

Bem antes de morrer, Seo Chico já era uma figura “folclórica”, singular, sendo conhecido muito além dos limites da cidade de Florianópolis.

Seu engenho era freqüentado não apenas pelos amigos e fregueses vizinhos mas por inúmeros visitantes – vindos às vezes de muito longe – que escolhiam a tranqüilidade do Sertão dos Indaiás para se religar ao modo de vida simples, ao ritmo calmo e natural dos tempos idos, comungando com Seo Chico.

Descendente direto dos antigos imigrantes açorianos que colonizaram o litoral catarinense há mais de 250 anos, ele era o herdeiro do último engenho tradicional ainda em atividade na região.

Encontrar Seo Chico nos dias de hoje equivalia a uma espécie de “viagem no tempo”. Erguido nas terras que pertenceram à sua família desde o tempo dos seus bisavós, o engenho – em atividade há aproximadamente dois séculos – ainda mantinha intacta sua estrutura arquitetônica, preservando o modo de funcionamento original, sendo movido à tração animal.

Nos últimos anos de sua vida, Seo Chico morava e trabalhava sozinho. Todos os irmãos já tinham se mudado para a cidade há mais de vinte anos e seus pais haviam falecido. Ele procurou mas não encontrou mulher pra casar que agüentasse essa “penitência”. Não teve filhos.

Vendia semanalmente a sua produção de cachaça aos fregueses da região e aos visitantes, com quem chegavam também as notícias. Não poderia ser considerado um eremita. Ao contrario. Adorava encontrar amigos e acolhia visitantes desconhecidos com o mesmo coração aberto.

Algo de singular operava quando ele se exprimia. Seo Chico falava com simplicidade e contundência o que pensava, sempre à sua maneira. Não escondia suas emoções. Dizia ter aprendido quase tudo com os “antigos”. E os louvava sempre

Este filme busca, apaixonadamente, render tributo ao seu espírito.

Equipe técnica

Concepção, produção, montagem e direção: José Rafael Mamigonian
Direção de fotografia: Mário Carneiro
Operação de câmera: Dib Lutfi
Som direto: João Godoy
Edição de Som: Eduardo Santos Mendes e João Godoy
Mixagem: Pedro Sérgio
Print-master: José Luis Sasso
Direção musical: Chico Saraiva
Músicos: André Magalhães (percussão), Chico Saraiva (violão), Gabriel Levy (acordeom) Thomas Rohrer (rabecas)
Imagens adicionais: Hélcio Alemão Nagamine e José Rafael Mamigonian
Direção de produção: Fábio Fernandes e Maria Emília de Azevedo
Iluminação: Charles Cesconetto
Produtor de set e maquinista: Orlando Baptiston
Finalização: Francisco José Mosquera e José Rafael Mamigonian

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