quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Entrevista com José Rafael, por Eduardo Socha e Thiago Momm Pereira

Como é que você conheceu o engenho?
Foi completamente por acaso. Fui convidado por um grande amigo, que me disse: “Ouvi falar de um engenho de cana movido a boi, tem um alambique que faz cachaça lá no meio do mato, no Sertão...” Era 1992 e eu tava no meio da faculdade de cinema da ECA-USP, em São Paulo. Tinha 19 anos e não conhecia o Sertão. Então tu sai de casa e sobe um morro inteiro a pé, andando por uma trilha ancestral, até chegar mais adiante num pasto lindo, aberto, silencioso. Só os quero-queros... E na descida descobre, escondido, o engenho. E lá encontra duas pessoas vivendo de um modo remoto e te vem a intuição de que são pessoas importantes – seo Chico morava, na época, com dona Alaíde, ajudante da casa. Eles pareciam casados, mas na verdade não eram.

E como se deu esse primeiro encontro?
Eles te abrem a porta pra você entrar. Aí tu entras e enxergas aquele mundo fascinante, aquelas máquinas fabulosas – um engenho de farinha, uma moenda, uma prensa. Você se sente atraído pelo lugar, pelas pessoas, tem que registrar aquilo. Alguém tem. Logo eu já estava voltando com uma máquina fotográfica. Aquilo pra mim era um retiro no meio da cidade. Você ia pelo passeio, mas o propósito era maior: o encontro, a conversa, a aprendizagem, e aquele estado suspenso da psique que a pinga te proporcionava...

Qual era a produção e o mercado da cachaça do seo Chico? Isso garantia a subsistência dele?
A produção dele era algo entre 50 e 100 litros por semana, e as garrafas eram vendidas a 3 reais o litro. O mercado era a vizinhança, mas ia lá gente de tudo quanto é lugar pra comprar. Era basicamente este o ganho dele. A subsistência dele era garantida também pela criação de gado.

A família dele já tinha essa estabilidade?
No levantamento feito com a população do Sertão em 1974-75, está anotado que a família do Tomás Martins dos Santos é responsável pela maior produção de farinha da região. Eram agricultores, mas não só de subsistência: o excedente era comercializado nos arredores do Sertão e em todo o sul da Ilha. Principalmente a farinha mas também açúcar, cachaça, laranja, banana, feijão etc. Com a crise desse modo de vida eles não têm mais escoamento pra essa produção, competindo com as indústrias de farinha e também com a cachaça de fora, mais barata.

Uma coisa que não fica bem clara no filme era o contato do seo Chico com a comunidade. Ele não saía, não sociabilizava?
Saía pra vender a cachaça, comprar mantimentos, visitar os amigos às vezes no Sertão, no Ribeirão. Mas o filme se detém ao cotidiano dele no engenho. Aliás, o lugar era aberto a visitas o tempo todo. Claro que a afluência de pessoas variava, dependia do dia da semana e da condição da estrada, em caso de chuva. Mas sempre existia a possibilidade de alguém chegar.

Quando você começou a filmá-lo?
Assim que a sinhá Alaíde morre, em janeiro de 1995, eu me preocupo em filmá-lo em vídeo, mas sempre de forma amadora. Ia lá pra ajudar seo Chico nas tarefas dele e levava máquina fotográfica e câmera de vídeo. Assim, desse processo de convívio, amizade e documentação despretensiosa, vai surgindo meu interesse em realizar um documentário em curta-metragem.

A verba pra esse curta, como você conseguiu?
Os recursos pra filmarmos foram captados junto ao BESC, com o incentivo da Lei Rouanet, num projeto amplo de apoio ao cinema catarinense em 1996. Naquele ano o banco apoiou vários projetos: o “Ponte Hercílio Luz”, do Zeca Pires, o “Victor Meirelles”, do Penna Filho, entre outros. Assim também foi com o apoio ao “Vida e Obra de Seo Chico”, que era o título do meu documentário. O aporte do BESC foi de R$ 20 mil, mas o orçamento era de R$ 90 mil. Pois com este aporte parcial dei início às pesquisas técnicas e à pré-produção e já existia a possibilidade de barateamento da filmagem em super-16mm.

Quem estava na equipe?
Na equipe principal do filme tive a honra de contar com profissionais locais de primeira grandeza, como Maria Emília de Azevedo, Charles Cesconetto, Fábio Fernandes e Orlando Baptiston, entre outros, além dos mestres da imagem Dib Lutfi e Mário Carneiro vindos do Rio de Janeiro, bem como meu ex-professor de som na ECA, parceiro inestimável, João Godoy, vindo de São Paulo.

Na primeira entrevista, aparentemente, houve um choque inicial do seo Chico de ter que falar pra câmera. Ele dirige um olhar seco, firme, inquisidor. E aquele silêncio, ao mesmo tempo desconfiado e sem constrangimento, aumenta ainda mais dramaticidade do olhar. Depois a relação fica mais solta.
Eu fiz questão de manter na montagem a cronologia da filmagem e as reticências do personagem. A primeira entrevista dele com a equipe foi mesmo aquela no alambique. Ter esse misto de abertura e confiança nos estranhos é característica do morador original da Ilha. O nativo é hospitaleiro, bom, de coração aberto, inicialmente desconfiado, ressabiado, mas franco, sempre franco. A partir do momento em que ele ganha a tua confiança e tu ganhas a confiança dele, quando tu jogas limpo, sem teatro, o laço se estabelece. O que mais me fascina é que, tendo deixado as reticências dessa abordagem, os silêncios dessa conversa, abre-se o fogo pro espectador sobre como se deu essa aproximação. Minha vontade era a de colocar o espectador na mesma condição de visitante em que nós da equipe estávamos.

Você pré-roteirizou o filme?
Trabalhei sem um roteiro rígido. Não eram as nossas atividades que pautavam seo Chico, e sim o contrário, geralmente. Logo imaginei que o filme devia transcorrer no estilo “um dia na vida” dele, com imprevistos e com o máximo de naturalidade do verbo e do pensamento livres do Chico. Então acompanhamos mais ou menos livremente as atividades diárias dele. Se ele fosse “mudar o boi”, lá íamos nós com ele.. Tentávamos estar alertas para o que fosse interessante, “dramático” para o filme, sem atrasá-lo, mas esse atraso às vezes acontecia. Tentávamos interferir o mínimo, mas nossa própria presença lá já transformava a rotina dele. Passamos a ajudá-lo em algumas das tarefas diárias dele para que ele pudesse também estar mais disponível para o filme. Além disso, havia a necessidade de registrar os processos de produção específicos: moenda de cana e alambicagem para o feitio da cachaça e a lida da farinha – a farinhada, que infelizmente não filmamos.

E você não suspeitava que às vezes estava influenciando o comportamento dele, eventualmente dizendo “seo Chico, fica mais pra lá...” e tal? Não tinha receio de perder a autenticidade do retrato?
Claro, sempre existia o risco de que estivéssemos, de uma certa forma, “ficcionalizando” o cotidiano dele. Isso aconteceu em alguns momentos. Mas já no segundo dia de filmagens, percebi que as esperas para filmar eram tão ou mais importantes que o registro principal, da câmera de cinema. Então passo a incorporar os bastidores nos registros do filme, pra isso carregando também constantemente a minha câmera de vídeo-amador. Aí, meu receio passa: “Não vamos perder nada”. Passam a co-existir os dois materiais. Nenhum é melhor que o outro, tudo está valendo.

E você aproveitou esse material dos bastidores?
Entrou bastante, até. Entrou a cena da cozinha, dele falando do “rango na roça”, a conversa com o meu pai, também filmada por mim, assim como a sequência inteira do porre e da foto do pai dele. Desse processo meio planejado e meio intuitivo surge uma respiração nova que não entra em conflito com o filme idealizado, mais parecida até com a cara que o filme deveria ter – a de uma obra em processo, mesmo. Mas, claro, boa parte destas reflexões é posterior à filmagem e à morte dele.

Em se tratando de um retrato do seo Chico e de seu cotidiano, essa decisão não excluiu traços importantes?
Tenho certeza de que o essencial está no filme. Do projeto idealizado pra ser um dia na vida de seo Chico, foi mantida a descrição das atividades fundamentais do cotidiano dele, todo o modo de produção da cachaça, da roça ao pote. Além disso, há um importante inventário de suas lembranças familiares, de seu modo de pensar, do seu humor – da sua espiritualidade, enfim. Penso que o essencial era mostrar como vivia e o que pensava este homem, bem como discutir a tragédia ocorrida com ele. Uma tragédia que transborda os limites do Sertão dos Indaiás e de Florianópolis, pra ganhar notoriedade em todo estado e provocar a comoção de toda comunidade catarinense.

Ele já era uma figura conhecida antes do filme?
Era. Seo Chico era conhecido pela comunidade toda. O pessoal todo do sul da ilha o conhecia e várias pessoas de toda a cidade freqüentavam o engenho. Mas claro, ele passa a ter esta trágica notoriedade após o assassinato.

Quando você fica sabendo que o seo Chico morreu?
Na manhã do sábado, 21 de setembro de 1996, uma irmã dele me liga e diz que ele está desaparecido. Na verdade, ele estava morto dentro do engenho. Quando cheguei lá, meio-dia, tinha umas quinze pessoas e a polícia militar também já tinha chegado. Os peritos haviam sido chamados. Ele morreu com um corte no pescoço e com tiros nas costas e nos ouvidos.

Sem a morte dele, a tua história seria menos impactante?
Talvez. Pensando no projeto original, eu imaginava já um certo impacto pela escolha do personagem, um sábio alheio à urbe, pelo que há de político e de poético nisso. Mas é difícil imaginar quais outros condicionantes estariam agindo sobre a concepção do filme. A morte se sobrepõe a tudo: uma dimensão trágica invadiu não só o filme, mas transformou meu próprio processo existencial. Algo absolutamente intraduzível. Fiquei anos sem conseguir abordar este material.

O filme não explora os motivos da morte dele. Na tela, pelo menos, você se isenta de uma investigação mais apurada.
Ninguém sabe os reais motivos da morte dele. Ao longo das filmagens tentei iluminar vários aspectos do personagem e da polêmica, mas não cabia a mim o papel da polícia. Escolhi não fazer do filme um filme investigativo, porque eu acreditava que a essência deveria ser a de homenagear seo Chico em vida. Não quis explorar, fazer sensacionalismo. Lamento informar que não tenho a verdade sobre o assassinato – tudo que eu sei está no filme. Além disso, avaliei que não devia colocar informações que induzissem o espectador a uma sentença. Existe um acusado que está sendo julgado por um crime que ele pode ou não ter cometido. Quem sou eu pra incriminá-lo? Não posso. O que fiz foi apresentar no filme informações, fatos concretos e com o máximo de correção. Tive como base os laudos da investigação policial. São informações públicas. Mas o que permanece talvez seja a indignação com a forma pela qual o caso foi conduzido pelo poder público. Sem apontar culpados pela omissão, o fato é que a justiça, para pessoas como seo Chico, tem sido bastante lenta e omissa.

Mudando de assunto, eu queria que você falasse da trilha-sonora.
O tema principal do filme é composto pelo meu compadre Chico Saraiva, violonista de mão cheia. Estudamos juntos por toda a adolescência, sempre mantivemos uma estreita amizade. Sabendo que um dia haveria de ser feito este longa, ele concebeu o tema central deste filme. Chama-se “Primeiro de Janeiro”. É o tema da moenda, que depois volta em violão-solo no “dia seguinte”.

É um tema muito bonito.
Um tema lindo, lírico. Ele dá uma consistência ao clima emocional que eu imaginava pro filme, toda trilha tem uma cadência discreta mas sempre emotiva. Sei que hoje há certa unanimidade na crítica quanto ao uso da música em documentários: há uma espécie de doutrina que desestimula e até condena o uso de música: você não deve usá-la porque isso direcionaria demais a emoção do espectador, e o espectador deve ter sua própria leitura. Como se a função do autor não fosse exatamente a de saber dosar as medidas em que cada um dos elementos deve interagir para alcançar um efeito dramático. O mesmo acontece neste filme pela falta de música: há longas seqüências sem música – propositalmente pesadas. Fala-se do não-uso da música como uma forma de purismo. Mas várias músicas me acompanharam durante o processo todo, de concepção e convivência com o filme... Temas que eu tinha certeza de que tinham ligação direta com esta vivência. Um deles, especialmente, deliberadamente e propositalmente foi mantido e anuncia a abertura do filme. É “Seis horas da tarde” do Milton Nascimento.

Nessa abertura, o olhar do seo Chico é muito penetrante. Ele tem uma expressão que cativa. E aquele olho fala muito. Revela bastante coisa da personalidade dele.
Sabe qual é a matriz daquele olho? Aquele era um teste de câmera no engenho do Chico antes da filmagem principal, mas já com película de cinema. A gente estava testando a luz daquela penumbra, aqueles contrastes interior-exterior com as diferentes emulsões. E com seo Chico parado na porta em frente à moenda. O Dib Lutfi, ao terminar o plano, fecha o zoom no olho direito dele e logo desliga a câmera. Restaram do olho apenas 46 fotogramas úteis. Nós retrabalhamos digitalmente, fazendo um loop e alterando gradualmente a velocidade da imagem pra criar novos movimentos até voltar a revelar o rosto, agora em zoom out.

As pessoas têm, hoje, uma carga audiovisual muito forte. É um público já acostumado à estética do corte rápido, de tipo publicitário, televisivo, e que diz “por favor, me entretenha, me dê uma história sem planos longos, sem digressões, etc.”. Numa cena como essa, você quebra essa regra.
Aí está. São escolhas criativas. A forma que eu escolhi para articular micro e macro estruturalmente o filme é a que eu julgava necessária a partir dos elementos que eu tinha nas mãos. Está tudo integrado: forma, conteúdo e sentimentos. Partindo de elementos mínimos.

Uma curiosidade: o BESC foi um dos patrocinadores do filme. Isso tem alguma relação com o fato de que o seo Chico aparece constantemente com o boné do banco?
No dia que chegamos lá pra filmar, ele estava usando um boné do BESC. Eu nunca visto ele com aquele boné. É a logomarca antiga do banco, um boné velho. Então pensei: “o BESC está financiando o filme, bem que eu podia incorporar esse acaso do destino...” E deixei. Assim que ele morre, eu olhava pras filmagens e só via o boné. Confesso que nunca me arrependi tanto. Fica plasmado na imagem dele pra sempre. Então seo Chico em cinema está eternizado praticamente só com o boné do BESC. Mas, com o passar dos anos, aceita-se o inelutável e eu hoje não me arrependo. E nem vejo tanto mais como um demérito, uma vez que o BESC é um banco importantíssimo pro estado de Santa Catarina. Há uma confiança da população no banco, que reflete numa questão de auto-estima catarinense também. Esse não é um discurso chapa-branca, não. Mas enfim, do ponto de vista da direção de arte foi um descuido. E diga-se de passagem: quase nem se parece com os merchandisings abomináveis do que se usou chamar “cinema de investidor” feito no Brasil nas últimas décadas.

O filme foi produzido com recursos de um edital público estadual, o Prêmio Cinemateca Catarinense/Fundação Catarinense de Cultura. Pelo edital, você tinha que entregar o filme em...
...Um ano, prazo prorrogável por mais seis meses. Houve uma inquietação que começou a partir do momento em que eu não entrego o filme. Meu argumento principal era que o prazo foi muito curto. E era mesmo, todos concordam. Justifiquei isso pra comissão que acompanha os editais. Eu devia entregar o filme em outubro de 2003 e entreguei em outubro de 2004. O fato é que o fui às instâncias responsáveis do Governo do Estado para buscar que se acertasse um novo prazo e consegui, pelas vias legais. O prazo médio pra realização de um longa no Brasil é dois anos e meio. E foi exatamente este tempo que levou para o meu filme ser concluído.

Mas o fato de já ter parte do material filmado não deveria acelerar o processo?
Em tese. Acontece que esta foi uma escolha efetuada, posteriormente, ao longo da montagem. Minha responsabilidade como diretor deste projeto foi aprofundar o conhecimento de uma determinada realidade. E foi o que eu fiz: fizemos uma pesquisa extensa, fomos ao Sertão, ao Ribeirão, captamos o depoimento de uma série de pessoas, além de grande parte dos familiares de seo Chico. Duas etapas de filmagem em épocas diferentes, com transcrição completa e montagem entre as etapas. Uma quantidade monumental de material filmado que levou bastante tempo para ser organizado. No momento em que estabeleço uma estrutura-mestre para o filme, fica claro que o peso emocional principal deve caber ao material com ele vivo. O material pós-morte, as entrevistas, eram interessantes, profundas, mas só se encaixariam dentro de outra estrutura. Eram relatos plurais, fortes, interessantíssimos, mas eram discursos autônomos. Incorporar todos os personagens tornaria este filme longo demais para ser exibido nos cinemas. Daí a idéia de concentrar a narrativa na convivência com seo Chico vivo, em um núcleo emocional e estilístico sólido, unificado. Mesmo no pós-morte. Nessas escolhas não pesaram as cobranças externas – eu me cobrava mais do qualquer um ao longo da realização do filme.

Qual a responsabilidade implícita e explícita de ganhar o edital de 2001?
Meu compromisso com o Governo do Estado é o de entregar o filme. Minha responsabilidade era a de fazer um filme de qualidade, digno e honesto com meus princípios e com o legado que me foi confiado por seo Chico. Mas guardo comigo uma responsabilidade íntima, que é a de contribuir para a construção de uma cinematografia local, por se tratar de um prêmio catarinense, aliado a um fundamental resgate de um personagem singular, à margem da história oficial. Do ponto de vista econômico, não existe nenhuma cobrança quanto ao desempenho do filme, mas estamos trabalhando para que ele seja veiculado da melhor maneira, valorizando a qualidade desta exibição ao público.

Nas exibições-teste, o que você tem ouvido?
Basicamente, coisas boas. Percebi que o filme realmente emociona. Deixou algumas pessoas com lágrimas nos olhos, tanto amigos como pessoas menos próximas. Isso pra mim é uma novidade, entende? Depois de tanto tempo trabalhando quieto e solitariamente, tocar efetivamente o público é algo realmente gratificante.

E até que ponto você acha que este filme é um retrato da ilha?
No sentido em que você tem neste filme um retrato de um dos habitantes emblemáticos da ilha, é um documento raro e singular por si só. Ao ter escolhido retratar um personagem com sua complexidade, em seu habitat, creio ter criado um retrato muito simples, mas bastante fiel à essência deste personagem. Mesmo que seo Chico seja hoje um personagem extinto, ele evoca um sentimento de nostalgia muito particular. E por projeção afetiva uma elevação da auto-estima dos habitantes locais em verem um homem simples alçado à importância que sempre devia ter tido... Mas trata-se ao mesmo tempo de um retrato muito particular – em parte idílico, depois radicalmente pessoal da minha parte. O fato é que a escolha deste personagem partiu de uma paixão e creio ter conseguido transmití-la no filme. Agora: o discurso de seo Chico e do seu drama de vida, todos poderão ver, são universais.

[entrevista fornecida pelo diretor]

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